New Beetle encara Cinquecento
Antigos rivais no passado se reencontram. Qual dos dois se saiu melhor?Confira
Cena 1: “Plic, plic”, soa o bipe avisando que as portas foram abertas. Na frente do New Beetle azul, a família inteira do Siena estacionado logo à frente do carrinho da Volkswagen guardava suas bagagens no porta-malas, mas parou tudo para ver o besouro com rodas polidas, de aro 17, ir embora. Cena 2: Parado no sinal, o Fiat 500 vermelho com faixas pretas entorta o pescoço do motoqueiro que se desconcentrou ao passar pelo Cinquecento e quase provoca um acidente. Minha curta temporada a bordo desses dois simpáticos compactos de estilo retrô teve várias outras cenas para quem gosta de chamar a atenção e sentir seu ego inflado (o que não é o meu caso, dono de um sedã antigo, que já saiu de linha). Se você quer ser o centro das atenções e não se importa muito com o preço desse sucesso, então, siga em frente.
Apesar de já ter completado 11 anos, o New Beetle ainda desperta suspiros, mas tem preço sugerido de R$ 63.030 com câmbio automático Tiptronic, de seis marchas. Se for incluir rodas de aro 17” e teto solar elétrico, o carro passa a custar R$ 69.433. E o Cinquecento com câmbio automatizado Dualogic pode ser encontrado a partir de R$ 67.980, valor que sobe para R$ 75.355 se incluir bancos de couro, teto solar panorâmico, rodas de aro 16”, retrovisor eletrocrômico, entre outros equipamentos. Caro? É o preço da fama. A bordo de qualquer um desses dois, não vão faltar curiosos com seus celulares em punho na tentativa de conseguirem uma foto do seu carro para mostrar aos amigos.
Mas vamos à parte mais racional da história. Qual é o melhor? Em se tratando de carros como esses, fica difícil falar em uma escolha que não esteja ligada à emoção, mas levando em conta apenas os atributos técnicos de cada um, além da relação custo benefício, o New Beetle sai como vencedor. Em menos de dois anos o Cinquecento começará a vir do México, assim como o rival da Volkswagen, e passará a ser mais interessante para o bolso. É claro o Fiat que tem um projeto mais moderno e vem com itens sofisticados, mas o modelo da marca alemã ainda faz bem o seu papel de inflar egos e ainda oferece mais espaço, com seus 20 centímetros a mais de entreeixos (2,5 metros ante 2,3 metros do Fiat), além de ter boa dirigibilidade e uma boa dose de equipamentos.
E quem disse que o conhecido New Beetle também não tem seus momentos hi-tech?. O limpador de pára-brisa pode vir com sensor de chuva, há duplo air bag, ABS, computador de bordo, teto solar elétrico e controlador da velocidade de cruzeiro (“piloto automático”). No Cinquecento o controle de estabilidade (ESP) é de série, assim como o “hill holder”, que aciona os freios automaticamente, impedindo que o carro desça uma ladeira, contato que esteja engatado. São itens mais sofisticados, sem duvida, mas que não têm poder suficiente para ofuscar, pelo menos por enquanto, a melhor relação custo-benefício do Volkswagen, que vai ganhar novo visual no fim do ano que vem, pelo menos nos mercados europeu e norte-americano.
A bordo do Fiat, o apelo esportivo anima, ajudado por detalhes como partes do painel pintadas na cor do carro, alavanca de câmbio em posição alta e detalhes que instigam a fazer de conta que você está no famoso rali de Monte Carlo, uma das provas em que o 500 saiu vitorioso no passado, mais precisamente nos anos 60. Aperte a tecla Sport e a direção com assistência elétrica fica mais direta, ajudando a contornar curvas com mais agilidade. Mas é preciso pisar fundo para o motor 1.4 de 100 cavalos responder aos seus anseios por esportividade. Essa potência aparece apenas a altos 6.000 rpm e os modestos 13,4 kgfm de torque a 4.200 rpm. O jeito é aproveitar que o câmbio Dualogic vem com teclas no volante e testar suas habilidade em reduzir as marchas na hora certa. Qualquer exagero, o sistema não permite a troca.
Ao volante do New Beetle, a vida é bem mais tranqüila (e confortável). Começa pelo câmbio, automático de seis marchas com opção de trocas seqüenciais. Funciona sem trancos e mantém o motor falando baixo a 3.000 rpm a 120 km/h, em sexta. O pequeno contagiros no painel passa a ser um mero coadjuvante, já que há bons 17,3 kgfm de torque a meros 2.400 rpm. Basta ir pisando de leve no acelerador que o carro vai ganhando velocidade. E se pintar uma música mais agitada ao sintonizar o rádio, pode fazer a curva um pouco mais depressa que o carrinho agarra no chão, ainda mais com os pneus 225/45R de perfil baixo, como no carro avaliado. A boa visibilidade e o volante de três raios de boa empunhadura também ajudam.
O temperamento mais agitado do Fiat vem à tona na prova de aceleração de 0 a 100 km/h, em que o Cinquecento se sai melhor cravando 10,8 segundos no cronômetro, ante 12,1 segundos do New Beetle, conforme os números das fabricantes. O melhor desempenho e explicado pela melhor relação peso potência do italianinho montado na Polônia (9,4 kg/cv ante 10,8 kg/cv do rival). Mas por causa dos 16 cavalos a mais, o Volkswagen dá o troco na velocidade máxima, 188 km/h contra 182 km/h do 500. Entretanto, não é acelerando que os donos desses carros vão passar a maior parte do tempo, mas sim desfilando calmamente por aí. E, se aparecer alguma viagem, o New Beetle oferece 209 litros de capacidade no porta-malas, contra apenas 185 litros do Cinquecento. Corta! Agora as próximas cenas desses dois carros de cinema serão vistas no dia a dia. E você poderá ser o principal personagem.
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