segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sem trancos nas vendas - CAMBIOS AUTOMATIZADOS

Embora não tão suave quanto o câmbio automático, a transmissão automatizada caiu no gosto do consumidor. Conheça a opinião de quem tem

FONTE - Revista Auto Esporte

De acordo com a Fiat, 65% dos Stilo e Linea são Dualogic
Lembra do Palio Citymatic e do Corsa Autoclutch? Não? Tudo bem, talvez nem a Fiat nem a GM gostem de lembrar desses carros. Com embreagem automática, mas câmbio manual normal (engates em “H”), eles foram retumbantes fracassos de venda no começo dos anos 2000. Porém, se essa alternativa ao câmbio automático não deu certo, o mesmo não pode ser dito dos automatizados, que estrearam em 2007 com o Meriva Easytronic. De acordo com a Fiat, 65% dos Stilos e Lineas são Dualogic, ou seja, equipados com esse tipo de transmissão.

A receptividade do público foi tão positiva que logo vieram carros menores com a tecnologia. Cinco compactos da Volkswagen (Gol, Voyage, Fox, Polo e Polo Sedan) já dispõem do câmbio ASG em suas versões 1.6 I-Motion. “Recebi 15 unidades do Gol I-Motion no começo do ano e já não tinha mais nenhuma na segunda quinzena de janeiro”, relata Allan Davyd, consultor de vendas da concessionária Caraigá Morumbi, de São Paulo. Segundo a VW, cerca de 40% dos Gols 1.6 serão automatizados.

Volkswagen utiliza sigla I-Motion para seus automatizados, enquanto a Chevrolet adotou o termo EasyTronic
Na esteira de Gol e Voyage, a Fiat contra-atacou com Palio e Siena 1.8 Dualogic, além de estender a transmissão para Palio Weekend e Idea (ambos nas versões Adventure). Aliás, a marca italiana oferece a maior oferta de automatizados — até o pequenino 500 polonês tem versão Dualogic. E vem mais por aí: o Punto será o próximo, marcando a estreia da união do câmbio Dualogic com o novo motor 1.6 16V FPT (ex-Tritec). Na GM, o sucesso do Easytronic fez com que a versão 1.8 do Meriva (que responde por 35% das vendas) agora venha exclusivamente equipada com essa transmissão — quem quiser o câmbio manual tem que ficar com o modelo 1.4. E o Agile também deverá ganhar sua opção Easytronic em breve. Na VW, já testam até 1.0 automatizado, mas ainda sem resultados satisfatórios.
Conforto e economia

O designer digital Alex Rosa, de São Paulo, está feliz da vida com seu Stilo Dualogic 2009. “Fui atrás de um Stilo manual, mas quando vi que a diferença de preço para o Dualogic era pequena (pouco mais de R$ 2 mil), não tive dúvidas.” Após se acostumar ao conforto de não ter pedal de embreagem, ele não voltaria para um carro manual. “Perde muito pouco desempenho e só dá tranco quando se pisa fundo no acelerador. É muito bom.”

Alex Rosa, dono de um Stilo Dualogic: "Não volto mais para o manual"

Quem também elogia o Stilo é o taxista Marinho Gonçalves Fiuza, que já rodou 117 mil km com seu Fiat 2008 pela capital paulista. “O sistema é bastante robusto, acho que só vou precisar trocar a embreagem com uns 150 mil km.” Fiuza acredita que o fato de não ter o pedal de embreagem garante maior vida útil ao conjunto, por evitar desgaste por mau uso. “Uma vez forcei o carro ao subir de ré numa calçada e acendeu uma luz no painel, avisando sobre um aquecimento do sistema. Parei na hora, voltou ao normal e não houve mais problemas”, comenta.

A economia de combustível é outro ponto positivo. O auditor paulista Osny Gussoni Jr., dono de um Polo Sedan I-Motion 2009, garante que seu gasto no posto é praticamente o mesmo de quando ele tinha um Polo hatch manual. O que falou mais alto, porém, foi o preço de compra. “Eu queria um automático de verdade, um Golf GT, mas achei caro e preferi o Polo, que já me atende bem”, diz. “Ele dá um solavanco na troca da 1ª para 2ª marcha, mas depois disso as mudanças são praticamente imperceptíveis.”

O preço também foi fator predominante para o funcionário público José Nobre, do Rio de Janeiro, comprar um Meriva Easytronic em 2008. Deficiente físico, Nobre tinha um Fit antigo com câmbio automático CVT, mas achou que a nova geração do Honda ficou cara demais. “O Meriva não é tão suave quanto o Fit CVT, claro, mas os trancos não chegam a me incomodar. Fora isso, gosto da opção das trocas manuais. O único problema é que esse motor 1.8 consome bastante”, pondera. Questionado sobre se compraria outro automatizado, ele não pensou duas vezes: “Acho ótimo que agora já existam opções mais baratas e menores, como Palio e Gol. Meu próximo será um desses”.




Câmbio travado

O conforto de dar férias ao pé esquerdo causou um enorme desconforto na vida do contador André Queiroz, do Rio de Janeiro. Com apenas 900 km rodados, seu Polo I-Motion 2009 simplesmente sofreu um “apagão” na transmissão. “Eu dirigia normalmente com o câmbio em Drive quando de repente o carro deu um tranco e ficou sem marcha. Logo depois, o sistema engatou a 1a marcha e o hatch não andou mais. Na ocasião, um carro que mudava de faixa bateu na porta do meu Polo por causa da travada”, conta Queiroz. E a chateação estava
apenas começando.

Como o carro travou com a marcha engatada, ele não saía do lugar nem empurrado. “Foi preciso um daqueles guinchos em que as rodas da frente do veículo rebocado vão suspensas para levar o Polo até a concessionária Abolição, na zona norte do Rio, perto de onde ocorreu o incidente. “O problema é que nessa autorizada ninguém sabia mexer no câmbio. Então, exigi que o carro fosse levado para a concessionária Destak, no bairro das Laranjeiras, onde o Polo havia sido comprado.

Como a VW negou o pedido, tive de acionar meu seguro para fazer a mudança”, reclama o contador. “Na
Destak, foi preciso trabalhar em conjunto com a engenharia da marca em São Bernardo do Campo (SP) para diagnosticar o problema, que ainda permanece um mistério. Disseram que vou receber um laudo em breve.”
Resultado: Queiroz ficou 47 dias sem o Polo e, mesmo com a troca do câmbio por um novo na garantia,
perdeu a confiança no carro. “Automatizado nunca mais!”, desabafa.

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