Autoconfiança ou arrogância?
Quando a VW apresentou o novo Jetta à imprensa, pegamos logo as duas versões. Enquanto meu colega Hairton Ponciano Voz levou o modelo 2.0 8V para enfrentar Peugeot 408 e Renault Fluence, coube a mim o teste solo do 2.0 TSI. Apesar do nome Jetta e do visual muito parecido entre as versões, não se engane: são dois carros bem distintos, e não apenas pelo motor. O Jetta turbinado tem câmbio de dupla embreagem, direção elétrica finamente calibrada e suspensão multilink na traseira. É, sem dúvida, o melhor conjunto mecânico e a melhor dirigibilidade da categoria. Só que custa quase R$ 90 mil!
Daí pego agora o 2.0 8V. O câmbio automático tem seis marchas, mas é convencional, com conversor de torque. A direção é a tradicional hidráulica. A suspensão traz eixo de torção na traseira. Motor? O único 8 válvulas da categoria, um 2.0 de mirrados 116/120 cv. E olha que o Jetta ficou grandão, com direito a banco traseiro bastante espaçoso (menos no lugar do meio, com um grande túnel) e um porta-malas gigantesco (536 litros aferidos por Autoesporte). Após dirigir o modelo TSI, fui esperando pelo pior… Mas não é que o Jetta 2.0 8V dá conta do recado?
A VW pode ter optado pelo mais barato (manter o motor do Bora), mas fez a lição de casa no restante. Como? A transmissão de seis marchas é formidável. Deixe em Drive e ela jogará as marchas altas rapidamente, numa programação totalmente voltada para consumo. Quer alguma agilidade? Passe a alavanca para o modo Sport e, melhor, faça as mudanças pelas borboletas no volante. Claro que você tem que pisar fundo para que as coisas aconteçam, e às vezes não acontecem (algumas ultrapassagens tem de ser abortadas), mas no geral o Jetta não parece ter apenas 116/120 cv. Muito por causa do bom torque 17,7/18,4 kgfm e muito por causa do câmbio esperto, que além extrair o máximo do motor tem a primeira marcha bem curta – assim o carro parece mais forte nas saídas.
Rodei pela cidade no fim de semana e fiz uma viagem curta até Ibiúna, a cerca de 70 km de São Paulo. Sempre com gasolina no tanque, a média de consumo ficou em apenas razoáveis 8,9 km/l, lembrando que a maioria do trajeto foi urbano e quase sempre com o ar ligado. Na estrada, com direito a um trecho de boas curvas, o Jetta apresentou comportamento muito digno. É firme (sempre “na mão”), inclina pouco a carroceria, tem ótimos freios e uma direção bem ajustada. Numa condução normal, você nem sente falta do refinamento técnico da versão TSI. Pena que, em certas situações, o motor não acompanha o pique.
E aí chegamos ao ponto de discórdia: esse Jetta poderia ser mais barato. Por R$ 70.005 na versão automática, custa mais e vem menos equipado que o Renault Fluence Dynamique (R$ 64.990), que além de tudo traz motor 2.0 16V de 143 cv. Outra: a VW dá apenas um ano de garantia, quando o padrão do segmento são três anos de cobertura. Em resumo, ou a VW é muito confiante no seu produto ou é arrogante ao ignorar a concorrência. O Jetta 2.0 8V é um bom carro, com chances de fazer frente a Civic e Corolla. Mas para brigar pela ponta da categoria, mesmo, seria preciso rever a política de preços e garantia. E ainda providenciar um cabeçote 16V para render uns 20 cavalinhos extras.
Fonte: Blog Auto Esporte
O Hight Line é o melhor carro vendido no Brasil no seu preço, Quem concorre com ele BMW X1 sDrive 1.8???
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