sábado, 5 de junho de 2010

C4 Picasso enfrenta Mercedes B170

Como se sai a nova minivan da Citroën diante do Mercedes mais barato do Brasil na briga pela sua família


Ivan Carneiro
C4 Picasso sai por R$ 80.700, enquanto o Classe B170 parte de R$ 96.900
Pouco mais de R$ 16 mil separam o Mercedes-Benz mais barato do Brasil, o B170, do novo Citroën C4 Picasso de cinco lugares. Aparentemente, os modelos sugerem bastante diferença, mas uma avaliação minuciosa mostra que ambos têm poderes de conquista parecidos. Tipo de carroceria, espaço interno e desempenho são muito próximos entre estes europeus, que oferecem atributos para agradar toda a família. Vale a pena pagar a diferença pelo Mercedes?

Sobriedade alemã

O B170 é a aposta da marca para conquistar novos clientes, já que ele custa R$ 96.900, mais em conta até que o Classe A. O design é o mesmo do B200 e B200 Turbo, com linha de cintura alta e visual bastante urbano, com detalhes cromados. Por dentro, há muito conforto, a começar pelos bancos de couro com regulagem elétrica e o painel de visual característico da Mercedes-Benz. A posição de dirigir é boa, bem horizontal, apesar do formato monovolume da carroceria. O banco fica em altura média, o que permite uma ampla visão periférica com auxílio dos grandes vidros dianteiro e laterais. Com total controle do tráfego, fica mais fácil trocar de pista, por exemplo.

Ivan Carneiro
Sóbrio, mas estiloso: design do Classe B não é tão ousado quanto o do Citroën, mas segue padrão de qualidade da marca
As costas são bem tratadas pelos bancos e o volante é ergonômico, com respostas rápidas. A direção elétrica ajusta o “peso” de acordo com a velocidade. Espaçoso, o Classe B leva confortavelmente cinco pessoas. Os ocupantes dos bancos dianteiros ainda são protegidos por air bags frontais, laterais e de tórax. Para complementar o conforto, há equipamentos como ar condicionado Thermatic e controlador automático de velocidade. O porta-malas tem capacidade para transportar até 544 litros, segundo a Mercedes, o suficiente para levar a bagagem de toda a família.

Se o B170 agrada parado, em movimento a empolgação diminui. Isso porque, para fazer o carro ter preço competitivo, a Mercedes economizou no motor. Sob o capô há um propulsor 1.7 de 115 cv a 5.000 rpm e 15,8 kgfm de torque entre 3.500 e 4.000 rpm. É pouco para os 1.310 kg do carro. Após uma saída normal, logo o Classe B dá indícios de que tem um motor pequeno, exigindo reduções em algumas ladeiras.

Ivan Carneiro
Posição de dirigir é o grande destaque do interior do Classe B. Espaço é inferior ao do C4 Picasso
O câmbio CVT, de relações variáveis, se caracteriza pela suavidade (não há trancos), com modo sequêncial que oferece sete marchas “virtuais”. Nesse caso, você aumenta e reduz a marcha movendo a alavanca para os lados, em vez de para frente e para trás. Pouco utilizada na cidade, a sétima marcha funciona para economizar combustível em rodovias: a 90 km/h, o motor gira a apenas 2.000 rpm. Segundo a marca, o B170 registra 11 km/l na cidade e 16,4 km/l na estrada.

A suspensão é ponto positivo do alemão. Independente na dianteira e com eixo de torção na traseira, ela encara bem o asfalto judiado e transmite pouco dos desníveis aos ocupantes do carro. As rodas de liga leve aro 16”, com pneus 205/55, contribuem para a boa estabilidade do modelo, que traz ainda controle de estabilidade ESP.

Ousadia francesa

A começar pelo visual, o C4 Picasso está no futuro. A dianteira é mais agressiva que a da versão de sete lugares, mas a real diferença está na traseira, que é mais curta e tem design arrojado. As lanternas são horizontais e mais chamativas, chegando a lembrar um hatch. Por dentro, a sensação é de estar em um ambiente espaçoso, já que o para-brisa é panorâmico e o câmbio e o freio-de-mão estão localizados no painel, abrindo bastante espaço entre os bancos.

Ivan Carneiro
Traseira do C4 Picasso tem design ousado e lembra um hatch

O C4 vem recheado de mimos, com destaque para a geladeira localizada ao centro do painel, com refrigeração feita pelo ar-condicionado digital. Este sistema, inclusive, pode ter quatro zonas independentes por mais R$ 1.500 (único opcional do carro, que parte de R$ 80.700), permitindo aos ocupantes da frente e das pontas do banco traseiro escolher a temperatura ideal.

Em termos de segurança, ele não deve nada ao Mercedes — pelo contrário: traz sete air bags espalhados pela cabine (um para os joelhos do motorista), controle de estabilidade ESP e freios com ABS. O espaço também é superior ao do alemão. Na traseira, os três bancos são individuais com 45 cm de largura cada, podendo correr até 13 cm para trás. O porta-malas de 490 litros, porém, é um pouco menor que o do Classe B.

 Divulgação
Espaçoso, interior do Citroën é repleto de porta-trecos e conta até com um compartimento refrigerado
Ao volante do C4, temos mais a sensação de estar numa minivan do que no Classe B. A posição de dirigir é elevada e o câmbio na coluna de direção entrega que estamos em um carro familiar. A visibilidade é outro ponto positivo, graças ao gigantesco vidro dianteiro. Tanto que os quebra-sois têm sistema de correr.

O modelo traz o mesmo propulsor dos demais C4, o 2.0 16V flex de 143 cv a 6.000 rpm e 20,4 kgfm de torque a 4.000 rpm (mas sem ser flex). O desempenho é superior ao do Classe B, e o câmbio de quatro marchas também é confortável, quase sem trancos. Quem busca um pouco mais de emoção pode optar pela troca nas borboletas localizadas atrás do volante. A suspensão é suave, mas deixa a desejar nos buracos, onde se torna barulhenta. Mais macio, o Picasso não oferece a mesma estabilidade e a direção “justinha” do Mercedes.

Conclusão

Muitos não abririam mão de um Mercedes por um Citroën. O modelo alemão oferece melhor dirigibilidade e confiabilidade, além do maior status. No entanto, quando se fala em um carro para a família, o C4 Picasso tem mais recursos. São diversos mimos, além de uma cabine maior. O desempenho também é melhor no modelo de origem francesa, sem falar naqueles R$ 16 mil a menos no preço. Portanto, se você não faz questão da estrela no capô e precisa de espaço, o novo Citroën pode ser candidato à sua garagem.

Ivan Carneiro
Se for para a levar a família, o C4 se sai melhor e cobra R$ 16 mil a menos por isso

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