sábado, 5 de junho de 2010

Citroën C4 desafia o Nissan Tiida

Versão 1.6 flex do hatch francês tem mais itens de segurança e conforto que o rival japonês 1.8 gasolina, mas preço é ligeiramente mais alto. Quem leva a melhor?

Ivan Carneiro
Tiida e C4 entraram em briga de cachorros grandes, que têm representantes de peso como Golf, Astra, Stilo e Focus
Aproveitando o lançamento oficial do Citroën C4 hatch, que está sendo apresentado hoje (9) aos jornalistas especializados, preparamos um comparativo diferente. Ao invés de enfrentar tradicionais rivais do segmento, como Golf, Focus, Stilo e Astra, a versão de entrada do C4, com motor 1.6, encara o Tiida, outro modelo que veio ao nosso mercado com a missão de entrar em um segmento dominado há anos pela VW, Ford, Fiat e GM. Ambos tentam mudar os hábitos de consumo do brasileiro. As armas deles para esta batalha, você conhece agora.

Tanto o C4 como o Tiida têm o que interessa bastante aos interessados em um hatch médio novo: preços razoáveis com boa quantidade equipamentos de série. O Nissan, por exemplo, está sendo oferecido a partir de R$ 51.190, enquanto o Citroën chegou por R$ 53.800 em seu único acabamento, o GLX. O Tiida, no entanto, deixa a desejar com ausência de equipamentos que os concorrentes oferecem, mesmo como opcionais. Entre eles, o travamento automático das portas com o carro em movimento, que não existe em versão alguma do modelo. Não fica comprometido por isso, já que conta com bons argumentos para neutralizar esta deficiência: maior espaço interno, boa qualidade de construção e desempenho agradável.

Ivan Carneiro
Traseira do Tiida remete ao estilo do Peugeot 307. O novo hatch da Citroën é o representante mais belo da linha C4
Como último a entrar neste segmento, o C4 necessitava de um discurso para chamar a sua atenção. Seu cartão de visitas é o bom custo-benefício. Está recheado de equipamentos de série na única versão de acabamento, a GLX, como para-brisa com limpadores indexados à velocidade do veículo, vidros dianteiros e traseiros elétricos com dispositivos um toque e antiesmagamento, porta-luvas refrigerado e com iluminação e rodas de liga leve aro 16. Itens vendidos como opcionais ou nem disponíveis nos rivais. O Golf equipado com ABS e rodas de liga leve, custa quase o mesmo que o Citroën.

Em relação ao design, o francês agrada mais. O estilo moderno credencia-o como o representante mais bonito da linha C4. É mais arrojado que o Tiida, especialmente na dianteira. O hatch japonês não é feio, mas conservador demais para o segmento, mesmo com uma traseira com traços de Peugeot 307.

Ivan Carneiro
Linhas do C4 são mais arrojadas e modernas que as do conservador Tiida. Hatch japonês não é feio, mas fica apagado ao lado do rival
A beleza do estilo francês, no entanto, não é sinal de praticidade no uso diário. A cabeça de quem senta atrás tende a ficar mais baixa pela caída do teto na região próxima à tampa do porta-malas. Os passageiros do Tiida, por sua vez, não terão que se preocupar com esse detalhe, já que o interior é amplo graças à boa altura do veículo (1,54 m contra 1,45 m do C4).

Por dentro, o C4 também mostra arrojo, mas as belas soluções de design também complicam um pouco os ocupantes. O motorista, por exemplo, tem de desviar o olhar para o centro do painel se quiser as informações do quadro de instrumentos e do computador de bordo. O volante com centro fixo é uma evolução em estilo, mas incomoda. Em manobras, não é raro girar o volante e bater com os dedos ou a mão nos botões dos comandos do som. Sem arroubos de estilo, o Tiida agrada com seu estilo mais tradicional do painel, que deixa os comandos básicos à mão do motorista. A ergonomia prevaleceu sobre o design.

Ivan Carneiro
O motor do C4 1.6 bicombustível desenvolve 113 cavalos com álcool e 110 com gasolina. Tiida 1.8 tem 124 cv, mas não é flexível
O maior senão do Nissan por dentro está no encosto dos bancos dianteiros. São praticamente retos. Não têm um ângulo interno que permite o repouso confortável das costas. Por causa disso, a cabeça fica longe dos apoios, cansando principalmente o motorista. Chega a lembra uma poltrona. O C4 não compromete neste quesito, repetindo o conforto do Pallas.

O Citroën agrada mais na regulagem da suspensão (independentes na frente e na traseira). O Tiida (independente na dianteira e eixo de torção atrás) sente mais o balanço que nossas ruas esburacadas proporcionam aos passageiros. A posição para dirigir do Nissan, no entanto, é melhor por ser mais alta como nas minivans. Os dois tratam os passageiros do banco de trás da mesma forma, pois a diferença do entre-eixos é desprezível (o Tiida é 0,008 mm maior).

Ivan Carneiro
Tiida não tem design inovador como o rival, mas é mais ergonômico. Encostos dos bancos, porém, são quase retos, cansando as costas
Apesar da diferença de tamanho dos motores, os dois agradam. O 1.6 flex do C4 é muito bom no trânsito urbano, com um escalonamento curto das marchas, que lhe dá uma pegada bem esportiva. O bom motor 1.8 do Tiida, casado com a transmissão de seis velocidades, comporta-se quase como um 2.0. O maior pênalti, porém, é a falta da opção bicombustível. Esse problema será comum até o segundo semestre, quando a Nissan lança o Tiida 1.8 flex com o mesmo motor que estreia no monovolume Livina, no fim de março. Esta adaptação deverá dar alguns parcos cavalos ao propulsor.

A versão do Tiida que se equivale ao C4 GLX 1.6 em preço é a S, que custa R$ 52.090 com transmissão manual e pintura metálica. No entanto, tem menos itens de série que o rival francês. O Tiida S, por exemplo, não dispõe de banco do motorista com regulagem de altura nem equipamentos de segurança ativa como ABS, EDB e BAS. Ela vem com direção elétrica, que ameniza muito o esforço em manobras, retrovisores externos com regulagem interna e rebatimento, bloqueio da ignição e rodas de liga aro 15. Ah: falta, em todas as versões do hatch japonês, o travamento automático das portas com o carro em movimento.

Ivan  Carneiro
Volante com centro fixo inova em estilo, mas não é prático em manobras. O apoio de braços entre os bancos dianteiros abriga um ventilador
O pacote de série do C4 1.6 é bom, contando com faróis com regulagem elétrica, auxílio à frenagem de urgência (AFU), ABS com repartidor eletrônico de frenagem (REF) e aviso de portas e porta-malas abertos como itens a se destacar. Ponto negativo para o console entre os bancos que serve de apoio para os braços. É desconfortável em um carro com transmissão manual, mesmo se tendo ciência que ele está ali para acomodar o ventilador que ajuda a refrigerar os passageiros do banco traseiro.

Os hatches mostram que têm bala na agulha para disputar o segmento, e enfrentar os rivais tradicionais sem medo. O C4 leva pequena vantagem por ter estilo mais moderno, pelo melhor nível de equipamentos de segurança e de série e por ser flex. A diferença de R$ 2.610 a mais para o Tiida é compensada por estes itens. O hatch japonês também é um produto muito bom, com mecânica elogiável e confiável. Precisa evoluir em estilo, como o Sentra, e ter uma pegada mais esportiva. Assim, se você quer algo discreto e confiável, sem a inquietude da juventude, parta para o Tiida. Prefere ter o carro do momento para impressionar o vizinho? Sua escolha é o C4.

Ivan Carneiro
Vidros traseiros do C4 não descem totalmente como no Tiida, que tem melhor ventilação do interior

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