Lamborghini Gallardo Spider LP560-4
Touro indomável: pilotando o conversível de 552 cavalos
A 3.817 metros de altitude, o Monte Teide talvez seja o mais alto ponto na área entre a Espanha e um dos locais preferidos pelos turistas que visitam as Ilhas Canárias. Mas, particularmente naquela quinta-feira, no estacionamento com uma bela vista panorâmica que inclui rochas vulcânicas, o Teide foi a segunda atração. Isso porque aquele vulcão, que entrou em erupção pela última vez em 1909, foi ofuscado pelo Lamborghini Gallardo Spider LP560-4 com seu ronco chamativo. Esse é apenas um exemplo de como a versão mais recente do esportivo da marca italiana é capaz de parar todos que estão em sua volta, principalmente quando pintado de amarelo com rodas pretas. E o interior aproveita essa vivacidade com o revestimento de couro costurado por uma linha da mesma cor da carroceria.
Não foi raro ver esposas armadas com câmeras e seus maridos enfeitiçados pelas graças do Gallardo, deixando as montanhas de lado e prestando a atenção em captar boas imagens do carro. Abaixamos a capota, processo que envolve o funcionamento de um mecanismo eletrohidráulico e que causou uma aglomeração de câmeras focadas no V10 5.2, resplandecente, atrás dos bancos. Quem pode culpar todo esse pessoal? Aquela paisagem esteve ali por milhares de anos e continuará existindo até que o vulcão entre em erupção novamente, mas os Lamborghinis se vão. E muito rápido.
Não resta dúvida de que rapidez é a palavra chave desse esportivo, um dos conversíveis mais velozes que temos hoje em dia. Segundo a Lamborghini, o Gallardo Spider LP560-4 faz de 0 a 100 km/h em 4 segundos – número um tanto conservador – e atinge 323 km/h (com a capota abaixada, por favor). É um desempenho de respeito, conseguido com ajuda da redução de peso em relação à versão anterior, 20 kg mais pesada. Apesar disso, o superesportivo tem 100 kg a mais que o Spider cupê por causa dos reforços estruturais e do mecanismo de abertura da capota. E com 1.550 kg, esse Lamborghini é considerado um carro leve.
Questões de peso à parte, o Gallardo LP560-4 conversível goza de todas as melhorias introduzidas no cupê, principalmente do acréscimo de 0,2 litro de cilindrada no motor V10, cuja potência saltou de 512 cavalos para 552 cv, com torque máximo de 55,1 kgfm. De qualquer forma, tudo isso é trazido por um ronco que mais parece uma daquelas tempestades de estremecer o quarteirão. Você ajusta o volume do estrondo que sai pelos escapamentos com a pressão no acelerador ou pelas alavancas que trocam as marchas, espantando todos os pássaros que estiverem por perto.
O sistema de dupla embreagem automática passou por um longo processo de aperfeiçoamento desde o lançamento do primeiro Gallardo, em 2003, quando ainda hesitava das respostas. Agora, não fica devendo nada para os bólidos da Fórmula 1 e ainda vem com controle de largada, que torna as acelerações um estouro. Funciona assim: escolha uma reta longa e tranqüila – de preferência longe da sua vizinhança – selecione o modo Corsa, desligue o controle de estabilidade (ESP), pressione o pedal do freio com seu pé esquerdo e o acelerador com o outro. Assim que o contagiros marcar 5.200 rpm solte o pé do freio e o Gallardo entra em erupção, queimando os quatro pneus, fazendo seu corpo colar no banco e prendendo sua respiração.
Se ainda deixar o câmbio no modo Corsa as trocas de marca continuarão sendo violentamente rápidas. Isso acabou conquistando até os pilotos mais conservadores, como o próprio presidente da Lamborghini, Stephan Winkelmann. Não é à toa que o LP560-4 se tornou um carro bem mais evoluído do que o que dirigimos em Miami (EUA), há três anos. A direção é bem precisa e com o peso certo,mas talvez um pouco menos precisa do que alguns clientes mais exigentes gostariam. Mesmo assim, o carro é fácil de controlado nas curvas e a tração integral mantém a estabilidade irrepreensível. E a boa ergonomia, a visibilidade adequada e até a câmera que auxilia nas manobras (opcional), torna o Gallardo um carro fácil de ser usado no dia-a-dia. Pela receptividade que o Gallardo mostrou no Monte Teide, você tem um argumento forte para pagar os US$ 225 mil que o carro custa nos Estados Unidos. Como algo que agradou tanto os outros pode ser um pecado?
Nenhum comentário:
Postar um comentário