Siena, Prisma e Voyage: sedãs baratos e econômicos
Qual das opções entrega mais pelo seu dinheiro?
Pode ter sido reflexo da crise, pode ter sido o lançamento do Voyage, ou talvez um pouco dos dois. Seja qual for o motivo, o fato é que os sedãs “populares” voltaram a chamar a atenção do público. Apenas em março foram dois lançamentos no segmento: o Prisma enfim ganhou motor 1.0, após quase três anos somente como 1.4, e o Siena estreou uma versão intermediária entre a Fire e a ELX, chamada de EL. O objetivo é conter o avanço do Voyage.
O contra-ataque da marca de Betim (MG) parece ter surtido efeito. Em abril, o Siena não só abriu vantagem sobre o VW como também desbancou o Chevrolet Classic do posto de sedã mais vendido do país, com 9.254 emplacamentos. Tivemos até dificuldade em conseguir um Siena EL para esta reportagem por conta do sucesso do modelo. A Fiat ainda não tem um exemplar em sua frota de imprensa, e nas concessionárias a maioria deles já chega vendida. O motivo do bom desempenho nas lojas é óbvio: o EL oferece mais conteúdo pelo mesmo dinheiro dos rivais. Custa R$ 29.160 e vem de série com direção hidráulica, computador de bordo e três encostos de cabeça no banco traseiro.
Seus oponentes nesse comparativo estão na mesma faixa de valor. O Prisma 1.0 mal chegou e já baixou de preço. A versão Maxx, que tem o melhor custo-benefício da linha, traz direção hidráulica e rodas aro 14 a R$ 28.800. Já o renascido Voyage parte de R$ 29.290, e vem “pelado”. Seu único “mimo” de série é a abertura interna elétrica do porta-malas.
Na ponta do lápis
Sedã em geral é carro de família e, no caso dos 1.0, muitas vezes é o único carro da casa. Por isso, vale a pena apertar mais o orçamento (ou esticar o financiamento) para ter maior conforto. Vamos fechar no pacote mais vendido – ar-condicionado, direção hidráulica e travas e vidros dianteiros elétricos. Com esses itens, o Siena EL abre vantagem em custo. Sai por R$ 32.560, enquanto o Prisma sobe para R$ 33.334 e o Voyage para R$ 34.105. Mesmo que tenha o seguro mais caro, o Fiat ainda é o melhor amigo do seu bolso. E se o preço for fator preponderante para você, nem precisa ler o restante da reportagem: o Siena EL é o seu carro.
Continuou a ler? Então vamos ao consumo. Aqui, obtivemos um equilíbrio em torno dos 9 km/l na cidade, com álcool. Na estrada, Siena e Prisma seguiram emparelhados, com um rigoroso empate de 11,9 km/l. O Voyage abriu certa folga, chegando a 12,5 km/l. E voltou a se sair melhor na medição de consumo com o carro carregado (veja quadro na página de resultados).
Em busca de espaço
Quando a gente deixa as contas de lado e analisa carro a carro, o projeto mais moderno do VW se destaca. É dele o interior mais arejado e o melhor acesso à cabine. O Voyage é o único a ter ajuste de altura do banco do motorista (no Siena, só na versão ELX), além de ser o mais amplo na frente. Passando ao banco de trás, a situação se repete. O Voyage recebe melhor dois adultos (três vão apertados em todos) que o Siena e, principalmente, que o Prisma. Falta largura interna ao GM. Você dirige batendo o braço na porta e, para piorar, o volante é deslocado para a esquerda. Por fim, como o banco é alto (e não ajusta em altura), suas pernas fatalmente esbarram na direção. O Siena fica no meio termo. É mais espaçoso que o Prisma, mas não tanto quanto o Voyage, e a posição do motorista não compromete.
Mediano em espaço, o Fiat é dono do interior mais caprichado. Portas com revestimento macio, painel com textura que disfarça o plástico rígido... Ah, e o painel é do modelo atual, e não do Geração 2 como na versão Fire. O VW é simplório, porém, bem montado. Os botões da ventilação parecem de carro mais caro, mas as saídas de ar do Gol G4 destoam do conjunto. O Prisma, por sua vez, é o que mais entrega a origem humilde. Materiais pobres, botões pequenos e uma certa impressão de fragilidade das peças toma conta do ambiente dentro do GM.
Aperte um botão no painel e a tampa traseira do Voyage se abre. Seu porta-malas leva bons 470 litros, praticamente o mesmo que o Siena (477 l), de acordo com nossas medições. No Prisma sobra bagagem para fora: 392 litros aferidos. E a “boca” do compartimento não ajuda, pois o desenho das lanternas restringe o acesso ao bagageiro do GM. Em comum, todos compartilham uma velha falha: os braços da tampa invadem o espaço de carga, uma solução já abandonada pelo Fiesta Sedan desde 2004.
Devagar e sempre
Sedãs e motores 1.0 não costumam viver em harmonia, mas esse casamento já foi mais conturbado. Hoje, com os “mil” quase chegando aos 80 cv, as coisas melhoraram. Na cidade, os três dão conta do recado no trivial trajeto casa-escola dos filhos-trabalho-supermercado-casa. Se puser mais gente no carro ou aparecer uma ladeira, bem, aí é preciso esgoelar o motorzinho até o conta-giros chegar à faixa vermelha. A situação crítica, porém, é encarar uma viagem com o carro abarrotado. Dê uma olhada nos números de retomada e você pensará duas vezes antes de ultrapassar aquele caminhão na pista de mão-dupla. Se ligar o ar-condicionado então...
Dos três, o mais animado para andar é o Prisma. Com os 78 cv do novo motor VHCE e o menor peso da turma, o GM é um dos 1.0 mais rápidos do país. Chegou a 100 km/h em 15,1 s, enquanto o Voyage precisou de 16,9 s e o Siena, de 17,5 s. O VW tem 76 cv, mas se defende mesmo pelo maior torque (10,6 kgfm) e pelas duas primeiras marchas bem curtas, que dão uma força nas saídas. O Siena EL é o que mais sofre nas subidas, apesar dos 75 cv (antes esse motor tinha apenas 66 cv).
Como ninguém aqui é de correr, o Voyage ao menos agrada ao dirigir. Tem o melhor acerto de suspensão e direção, além do câmbio de engates mais precisos. Fora isso, o motor VHT destaca-se pela suavidade perante os rivais, garantindo maior silêncio a bordo. Nesse ponto, o Siena fica devendo, com o motor mais ruidoso. A suspensão joga no time da maciez, mas não chega a ser tão mais suave que a do Voyage a ponto de compensar o que perde nas curvas. Ainda assim, o equilíbrio do Fiat é superior ao do Prisma, que não transmite confiança na estrada.
Feitas as contas (de dinheiro e das nossas notas), chegamos ao veredicto: o Voyage é o melhor carro (se puder gastar mais, fique com ele) e o Siena vence no custo-benefício. E o Prisma? Bom, a GM criou um bom substituto para o Classic. Falta só baixar mais o preço.
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