408, Jetta e Fluence são a nova face do segmento de sedãs médios. Agora, os japoneses é que terão que correr atrásQuem já andou de Jetta costuma ter boas lembranças. O motorzão 2.5 garante bom desempenho e ainda oferece uma melodia que só os motores de cinco cilindros têm. Porém, por mais de R$ 80 mil, o Jetta nunca teve vida fácil por aqui. Desde que chegou ao país, em 2006, suas vendas nunca empolgaram muito. “Nem nos melhores meses conseguimos chegar a 1.000 unidades vendidas, entre Jetta e Bora”, diz Fabrício Biondo, gerente de marketing da Volkswagen. Havia outro complicador: o motor que fazia a alegria de quem assumia o volante causava tristeza na VW, porque acima de 2.0 a alíquota de IPI sobe, elevando o preço do veículo.
Agora, as coisas estão diferentes. O novo Jetta mudou por dentro, por fora e por baixo do capô. Com uma concepção mais simples e motor 2.0, ele ganha algumas críticas, mas aumenta a competitividade entre os sedãs médios, categoria em que não conseguia espaço.
O Jetta 2.0 aspirado (Comfortline) anda bem menos que seu antecessor, mas em compensação custa R$ 65.755, na versão com câmbio manual, ou R$ 70.005 no modelo automático, como o testado. É o natural substituto do Bora. Para quem quer mais desempenho (e para aplacar os ânimos dos donos do Jetta atual), a Volkswagen está trazendo também a versão Highline, com motor TSI 2.0 turbo, de 200 cavalos. O teste dele está nas próximas páginas. Primeiramente, vamos ao modelo 2.0 aspirado, que deverá ser responsável por cerca de 70% das vendas.
O Fluence anda suave mesmo sobre o piso irrugular. O 408 é o mais firme ( e barulhento) dos três. O Jetta tem bom acertoComeçando pelo design, o modelo ganhou linhas mais retas e aqueles faróis que podem ser vistos do Fox à Amarok. Dão identidade aos produtos da marca e particularmente não os acho feios, mas tendem a cansar. Pense nisso: a Volkswagen é uma das maiores montadoras do mundo. Com toda a linha exibindo frente parecida, em qualquer lugar do planeta, significa que o trânsito vai estar sempre cheio de carros iguais. Sei não.
Mas concordo com alguns argumentos do pessoal da empresa: o estilo é simples, mas transmite solidez. Acho que o Jetta anterior, apesar de elegante, já estava envelhecendo, com suas linhas arredondadas. No novo modelo, a grade cromada foi trocada por uma mais fina, com acabamento preto brilhante. A parte inferior do para-choque recebeu um apêndice aerodinâmico semelhante ao de carros de corrida. As laterais têm vincos mais bem definidos (especialmente na altura do “ombro”), e a traseira recebeu lanternas retas.
Além de tudo isso, confesso que fui um pouco influenciado pelo nacionalismo: os irmãos Marco Antonio e José Carlos Pavone, designers que atuam na matriz da Volkswagen, em Wolfsburg, desde 2006, trabalharam no estilo externo do carro. Por meio de teleconferência, da Alemanha eles disseram que pela primeira vez o “djetta” ganhou vida própria, ao se livrar da plataforma do Golf. Como não é mais derivado do hatch, foi possível projetar não apenas um entre-eixos maior, mas também capô mais longo. Como gosto nunca vai ser unanimidade, eu aprovei o resultado, mas o diretor de arte da Autoesporte, Ricardo Fiorotto, foi enfático: “Prefiro o antigo.” Conclusão: nem designer se entende!
O Jetta ganhou linhas mais retas. O 408 é o que tem fárois mais agressivos. O Fluence investe nas curvas. O grande mérito do carro (além do preço menor) foi crescer de tamanho sem o correspondente aumento de peso. No comprimento, o acréscimo foi de 9 cm (para 4,64 m). A distância entre-eixos cresceu 7,3 cm (para 2,65 m). O resultado é que o espaço aumentou, especialmente no banco traseiro (para joelhos e ombros). Mesmo assim, graças à utilização de chapas de aço de resistência variável, o novo modelo ficou 30 kg mais leve.
Esse melhor preparo físico vem em boa hora, porque a partir de agora o Jetta vai encarar o segmento de maior ebulição do mercado. O Renault Fluence e o Peugeot 408 não estão fazendo figuração aí nas fotos. Também são estreantes na categoria, e vieram dar as boas-vindas ao alemão feito no México. Em termos de mecânica, o Fluence sai (literalmente) na frente. Comparados na versão automática, o Fluence fez 0 a 100 km/h em 10,6 segundos. Jetta e 408 empataram em 12,0 segundos. No Jetta, o câmbio AQ250 Tiptronic (fornecido pela Aisin) de seis marchas é muito bom, e oferece borboletas no volante para trocas manuais. O problema é o motor 2.0, de oito válvulas e apenas 120 cavalos. No 408, a situação é exatamente oposta: o motor é muito bom (2.0 16 válvulas de 151 cv), mas o câmbio automático tem apenas quatro marchas. O trunfo do Renault está em aliar um câmbio no mínimo no nível do que equipa o Jetta, com um motor quase tão potente como o do 408: o Fluence vem com um 2.0 de 16 válvulas e 143 cv. E o câmbio continuamente variável (X-Tronic) garante desempenho sem o menor tranco. Se quiser, o motorista pode optar por trocas manuais (seis marchas).
Fluence e 408 podem abrir o capô sem medo: os dois têm motores modernos para mostrar. O do Jetta é o mais fracoO fato é que motor 2.0 com 120 cv é pouco para enfrentar a concorrência. Para se ter ideia, motores 1.8 modernos rendem na faixa de 140 cv (Civic) ou mais, caso do novo Corolla Dual VVT-i, que está chegando com 144 cv. A potência específica deixa isso claro: o motor do 408 gera 75,6 cavalos por litro (151 cv, 1.997 cm3), valor um pouco acima do Renault (71,6 cv/l) e muito acima do Jetta (60,5 cv/l). Quando se compara o torque, os franceses também deixam o Jetta para trás: o 408 tem 22 kgfm a 4.000 rpm, seguido do Fluence (20,3 kgfm) e do Jetta (18,4 kgfm). Essa numerologia toda significa que a vantagem obtida na pista, com motor “cheio”, volta a se repetir na cidade, onde normalmente se usam médias rotações: quanto mais torque, melhor a vitalidade no trânsito. O Renault ainda leva vantagem adicional por conta do câmbio CVT. Graças a ele, as retomadas ficam mais espertas, e o consumo melhora. Não à toa, Fluence e Jetta foram mais econômicos que o 408.
Além de andar menos que o modelo anterior (nessa versão), o novo Jetta também ficou com o interior mais simples (em todas as versões), para poder brigar em preço com os sedãs médios. O resultado é que o sedã da Volkswagen ficou simples demais, não só em relação ao Jetta anterior, mas também quando comparado a Fluence e 408. Ambos apresentam interior mais requintado. Além disso, o visual também é mais agradável nos franceses. E isso porque o Jetta “nacional” ficou melhor que o modelo vendido nos EUA, garante José Loureiro, gerente de engenharia da VW. “O Jetta brasileiro tem quadro de instrumentos de quatro agulhas, enquanto o americano tem só duas”, diz, referindo-se aos marcadores de temperatura e combustível, além de conta-giros e velocímetro.Só o Jetta tem monitor sensível ao toque (opcional), mas ainda não oferece GPS, o que deverá ocorrer a partir de junho. Os dois franceses já oferecem o navegador integrado, mas a tela não é touch screen.
Só o 408 tem tampa com amortecedores. O Jetta acomoda 536 litros, seguida de Renault (530l) e Peug(523l)Os três são espaçosos e oferecem acomodação confortável na frente e atrás, resultado das dimensões generosas. Com 4,69 m, o 408 é 5 cm maior que o Jetta (4,64 m), que por sua vez é 2 cm mais comprido que o Fluence (4,62 m). A vantagem volta a se repetir na distância entre-eixos (2,71 m para o Peugeot, 2,7 m para o Renault e 2,65 m para o VW). Se ninguém se aperta nos bancos, as bagagens também não sofrem. O trio tem compartimentos espaçosos, dessa vez com vantagem para o Jetta (536 l), seguido de Fluence (530 l) e 408 (523 l). Dos três, só o 408 tem amortecedores na tampa, em vez dos braços que invadem a área de bagagem.
Nenhum dos três tem suspensão independente atrás, mas todos mostraram bom acerto, com estabilidade nas curvas e boa dose de conforto. O Fluence é o mais macio dos três, seguido de Jetta e 408, nessa ordem. A suspensão traseira do Peugeot estava emitindo uns baques um pouco além do aceitável sobre asfalto irregular. O Jetta não oferece faróis de xenônio, item disponível nas versões topo de linha da dupla francesa. No Fluence, porém, o sistema de regulagem automático estava com algum problema, porque o facho estava muito baixo. No quesito garantia, o Jetta chega pecando, por oferecer apenas um ano de cobertura integral (três anos somente para motor e câmbio).
Nessa categoria, todos os modelos oferecem três anos de garantia total. Além disso, a Peugeot está concedendo três revisões gratuitas (um ano ou 10 mil km, dois anos ou 20 mil km e três anos ou 30 mil km) para quem comprar o 408 até 30 de junho. A isenção engloba não apenas mão de obra, mas também itens como óleo e filtros. Segundo a empresa, a economia nesse período equivale a R$ 728.Para concluir, o Jetta 2.0 automático está com preço entre o do Fluence Dynamique (R$ 64.990) e o Privilège (R$ 75.990), enquanto o 408 Feline (também intermediário) sai por R$ 74.900. Os franceses, porém, já trazem de série os seis airbags, contra quatro no VW. O Fluence, que já derrotou o Civic na edição de fevereiro, sai desse comparativo invicto.
TEMPERO BRASILEIRO
Os irmãos Marco Antonio e José Carlos Pavone estudaram desenho industrial no Mackenzie, em São Paulo, em 2000. Após passagem pela Volkswagen brasileira, foram convidados a trabalhar na matriz, em Wolfsburg, onde estão desde 2006, na área de design externo. Os dois ajudaram a definir as linhas externas do novo Jetta.
Fonte: revista Auto Esporte
vai de vw q eh garantido! :)
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