Desde que o Jetta manual chegou, saí com ele apenas para almoçar. Foi um breve contato, mas tinha servido para notar algumas coisas: a embreagem é alta demais (me lembrou um Golf GLX 1995 que minha mãe teve, não por acaso da mesma VW mexicana), mas ele é mais esperto que a versão automática. Hora de irmos para pista ver se as sensações ganhariam a comprovação dos números.
Por conta de outro teste que estamos fazendo para a edição de maio, fui de São Paulo a Tatuí com outro carro (descubra na próxima revista!), enquanto o Jetta foi comandado por nosso assistente de testes, Alexandre Silvestre. Aproveitamos a viagem para medir o consumo com etanol e tirar a prova sobre a afirmação que a VW tinha feito, de que o modelo automático é mais econômico que o manual. Verdade: registramos 10,3 km/l, contra 10,6 km/l. A explicação é a sexta marcha da versão sem pedal de embreagem, que faz com que o motor trabalhe com giro mais baixo. No Jetta manual, a 120 km/h em 5a marcha, o motor está em 3.000 rpm.
Por falar no câmbio, reitero a reclamação sobre a embreagem alta: o carro só começa a sair quando você já está quase tirando o pé do pedal, o que exige certo costume – já imagino muita gente queimando essa embreagem nas saídas em ladeiras. Os engates da caixa MQ250 são curtos e fáceis, tipicamente VW, embora eu ainda ache que esse câmbio funciona melhor no Golf 2.0 nacional. De qualquer modo, a relação de marchas está muito bem acertada. O carro responde bem na cidade e viaja com serenidade na estrada. Bem diferente do Peugeot 408 manual, por exemplo, que tem uma relação curta demais e grita a 3.500 rpm a 120 km/h em 5a marcha.
Nem vou me alongar no fato de que o motor é apenas razoável, mas de novo digo que ele parece ter mais de 116/120 cv. O Jetta mais uma vez se garante pelo bom torque em baixas rotações, que permite manter a velocidade de cruzeiro nos aclives. E basta uma redução para 4a marcha para se obter fôlego suficiente para as ultrapassagens.
Na pista, uma característica do carro atrapalhou as acelerações. Como não é possível desligar o controle de tração (ASR), você simplesmente não consegue arrancar com giro alto que o sistema “corta” o motor. Resultado: 0 a 100 km/h em 11,7 segundos, contra 12,0 s da versão automática. Poderia ficar abaixo dos 11,5 s se desligasse o ASR, mas a VW fez a opção pela segurança. Ainda assim, não seria um resultado a se comemorar. O 408 manual gasta 10,9 s na mesma prova, o novo Corolla 1.8 de seis marchas faz em 10,3 s e o Fluence (também de seis marchas) leva 10 s cravados. As retomadas também não são dignas de destaque (veja ficha de testes).
Apesar do motor modesto, a verdade é que esse Jetta é bom de dirigir. Encontrá-lo na pista foi como rever um velho conhecido: em pouco tempo já estávamos numa conversa franca. É um carro fácil de guiar, obediente e de comportamento muito previsível, além de ter ótimos freios. Ah, e o Jetta me agradou com as rodas aro 16 e os ótimos pneus Continental 205/55 (até então eu só havia dirigido o carro com aros 17). Entra confiante nas curvas e passa confortável em ruas esburacadas. Um acerto de suspensão elogiável: é feijão com arroz (McPherson na frente, eixo de torção atrás), mas bem temperado. blog AUTO ESPORTE
Confira os números do teste Autoesporte:
Aceleração:
0-100 km/h (s) 11,7
0-400 m (s) 18,1
Retomada de velocidade:
40-80 km/h (3a) 6,9 s › 114,3 m
60-100 km/h (4a) 9,9 s › 221,7 m
80-120 km/h (5a) 15,8 s › 442,0 m
Frenagem: (com abs)
100 km/h (m) 38,4
80 km/h (m) 24,7
60 km/h (m) 13,7
Consumo:
Rodoviário (km/l) 10,3
Auton. estrada (km) 566
Ruído interno:
em marcha lenta 42,6 dB
a 40 km/h 55,2 dB
a 80 km/h 62,4 dB
a 120 km/h 69,6 dB
Vou colocar vceis como favoritos devido a qualidade dos comentários e das informações que oferecem. Gostei! Muito revelador e instrutiva a reportagem.
ResponderExcluirNão ficou claro o consumo, o teste foi feito com Gasolina ou etanol?
ResponderExcluir