Motor ruim, câmbio manual bom, câmbio automático ruim, o acabamento piorou, o carro perdeu status. Essas foram algumas das constatações que eu li nos últimos posts desse tão polêmico Jetta. Mas afinal, piorou ou melhorou?
Para responder a essa pergunta, aproveitei o domingo de dia das mães (e portanto o almoço em família) para pedir a ajuda de familiares que são especialistas no assunto. Eles me ajudaram a olhar cada detalhe do novo Jetta para, assim, chegarmos a uma conclusão: vale ou não a pena comprar a nova geração?
Fizeram parte desse time de “experts” meu avô Joaquim, que trabalhou na Volkswagen por mais de 25 anos, meu tio Álvaro, engenheiro, dono de uma empresa de teste de motores e de um Jetta 2.5 ano 2008, além do Décio, engenheiro da Mercedes-Benz do Brasil. É isso que dá ter família no ABC!
Com jurados a postos, que comece a disputa:
Jetta 2.0 manual X Jetta 2.5 Automático
Antes de começar a olhar os carros em detalhes, é bom deixar claro que temos a consciência de que estamos analisando carros de níveis diferentes. O ideal seria comparar o Jetta 2.5 com o Jetta TSi, de 200 cavalos. Porém, esse 2.0 condiz mais com o preço que meu tio pagou em seu Jetta quando o comprou em 2008, algo entre R$ 70 a 75 mil reais, e não R$ 89.520,00, que é o valor do TSi.
Motor
Começando pela polêmica do motor, é óbvio que o 2.5 é superior ao 2.0. Afinal, são 120 cv do 2.0 contra 170 cv do 2.5. Isso fica muito evidente na hora que você dirige os dois carros, um após o outro. “Tenho a sensação que o 2.5 não tem limite, fica sempre pedindo mais”, disse meu tio Álvaro. “Mas também não achei o 2.0 ruim, tem boas retomadas e não me decepcionou”. Outro ponto: se você quer esportividade com o Jetta e não quer pagar R$ 90 mil pelo TSi, vá de câmbio manual.
Design externo
Quando fizemos as fotos no lançamento do Jetta na edição 551 (abril), tive a nítida sensação que preferia o design do Jetta anterior. De certa forma ainda prefiro, acho a frente dele mais marcante, com cara de Jetta, e não com a cara de todos os modelos da VW. Mas olhando para os dois, fica evidente que o novo Jetta faz o projeto do anterior ficar velho. Um detalhe interessante visto pelo Décio: eles diminuiram muito o uso de cromados no carro, principalmente na frente, talvez uma alternativa para reduzir custos de fabricação. Os pneus e as rodas também são diferentes. O Jetta só vem com o 225/45 aro 17 na versao TSi, essa versão 2.0 tem 205/55 aro 16.
Espaço interno
Aqui existe uma disputa entre requinte e os novos gadgets. Em questão de acabamento, é muito fácil de notar a diminuição de custos, a começar pelos bancos e portas, que antes eram todas revestidas em couro, e agora dão lugar ao couro sintético, mais barato. Veja um detalhe interessante nas portas: enquanto o 2.5 era inteiro revestido de couro, o novo Jetta tem couro sintético apenas na parte onde o motorista pode apoiar o cotovelo, o resto é todo com plástico. Segundo o Décio, isso acontece porque eles priorizaram o uso do material mais caro apenas em lugares onde o motorista e seus ocupantes supostamente tem contato do corpo com o carro. No resto, baixar custos! Meu tio Álvaro gostou que a alavanca de ajuste dos bancos foi mantida intacta no novo projeto.
No banco de trás, o novo Jetta ganhou um pouco mais de espaço, mas acabou perdendo o duto de ar-condicionado. O rebatimento dos bancos é agora pelo porta-malas e não mais perto do encosto.
No painel, a disputa fica mais acirrada. Enquanto o volante perdeu o couro e ganhou couro sintético, os botões são mais modernos e o quadro de instrumentos ficou mais bonito. Contrariando o resto do combate, o
painel do novo tem acabamento melhor, com espuma por baixo do material que o reveste, deixando o tato mais agradável. E é aqui também que o novo dá um banho no anterior. Sensor de estacionamento, tela de LCD e novamente botões mais modernos fazem a diferença – todas as mudanças foram aprovadas pelo dono do Jetta 2008.
Olhamos porta-malas e cofre do motor, e veio a constatação: aquele velho ditado “o que os olhos não
vêem o coração não sente” foi levado à risca pela VW. No porta-malas, o corte de gastos é claro, começando pela tampa que perdeu o revestimento, o trinco que perdeu o acabamento e o plástico que deu lugar às redinhas. A tampa decepciona, mas as novas redinhas não desagradaram os engenheiros.
Quanto ao cofre do motor: o novo Jetta tem varetinha que segura a tampa do capô aberto do novo, enquanto no antigo havia um sistema com suspensão a ar. O motor diminuiu, e a bateria que antes era revestida de plástico agora é envolvida por feltro. Outro detalhe interessante é a tampa, que antes não tinha revestimento e agora tem, para abafar o som do motor. Afinal, o 2.0 é mais ruidoso enquanto o 2.5, além de trabalhar mais folgado, ainda tem um assovio dos cinco cilindros muito bom de se ouvir.
Dirigibilidade
Eu cheguei com o novo para o almoço e meu tio com o antigo. Na troca dos motoristas, meu tio gostou do novo motor e a posição do câmbio agradou, assim como a posição de dirigir. Eu achei que Jetta novo tem
a suspensão mais dura e isso melhora a dirigibilidade, porém ele perde no conforto. O banco de couro é mais confortável modelo anterior. O antigo motor 2.5, bem, é um show à parte…
O Jetta perdeu em requinte e conforto, mas ganhou em preço, e continua sendo um carrão. Se você é dono de um Jetta, sentimos muito, você está tão órfão quanto meu tio Álvaro, que não quer gastar 90 mil no TSi e que vai ter seu 2.5 desvalorizado. Se você é dono de um Civic ou Corolla, parabéns, acabou de entrar nessa
faixa de preço um carro muito legal, e que deve sim deixar essa outra disputa (a pelo seu bolso) muito mais acirrada